O encerramento do site de partilha de ficheiros Megaupload, ordenado
pelo FBI, desencadeou a maior resposta de sempre, diz o grupo Anonymous:
mais de 5600 pessoas estiveram na noite de quinta-feira para sexta
envolvidos num ataque concertado a sites de entidades governamentais
americanas e da indústria da música e do cinema. Um "bombardeamento" de
pedidos de serviço que bloqueou sites como o do próprio FBI.
Os primeiros alvos foram o Departamento de Justiça norte-americano, bem
como a RIAA e a MPAA, associações representativas das indústrias da
música e do cinema, respectivamente. Justice.org, riaa.com e mpaa.org
foram três dos sites que estavam, intermitentemente, em baixo, por
volta da meia-noite (hora de Lisboa), tendo o grupo Anonymous reclamado a
autoria dessas falhas através da conta no Twitter @YourAnonNews.
Por volta da 1h, também o site do FBI, responsável pela operação que levou ao encerramento do Megaupload, estava inacessÃvel.
Segundo
a conta de Twitter, trata-se de uma resposta "Ã altura" do grande golpe
que o FBI norte-americano deu nesta quarta nos muitos utilizadores do
site Megaupload, extremamente popular em todo o mundo, e que permitia a
partilha de todo o tipo de ficheiros. É mesmo "o maior ataque de sempre", com o envolvimento de mais de 5600 pessoas.
"Tragam
pipocas, vai ser uma noite longa de 'lulz'", escreveu o grupo no
Twitter, quando eram 23 horas em Portugal continental, e usando uma
expressão que é na Internet sinónima de "riso" e que foi em tempos
adoptada pelo grupo de atacantes informáticos Lulzsec.
"O Governo fecha o Megaupload? Quinze minutos depois #Anonymous encerra sites governamentais e da indústria. Aguardem por nós", afirmou o grupo,
em claro tom de retaliação, pouco tempo depois de ter sido noticiado o
encerramento daquele popular site de partilha de ficheiros.
Os
Anonymous não são um grupo estruturado. Há um núcleo central de pessoas
que normalmente incentiva os ataques, aos quais qualquer cibernauta se
pode juntar, passando então a ser designado como Anonymous. Os vários
ataques na história do movimento não são levados a cabo sempre pelas
mesmas pessoas e o número de participantes varia.
Para tomar
parte numa destas acções, basta usar um programa de computador que
permite bombardear um site com múltiplos pedidos de acesso. Na sequência
disso, o site torna-se lento a responder e pode ficar inacessÃvel.
Chamam-se ataques distribuÃdos de negação de serviço, são tão mais
eficazes quanto mais pessoas participarem e não implicam perda ou roubo
de dados.
O Departamento de Justiça dos EUA confirmou o problema, cerca de meia-noite, também através do Twitter:
"O servidor do DOJ que aloja o justice.gov está a ter um aumento
significativo de actividade, resultando numa degradação do serviço. O
departamento está a trabalhar para que o site esteja disponÃvel,
enquanto investigamos as origens desta actividade, que está a ser
tratada como um acto malicioso até que possamos identificar a identidade
da causa da perturbação".
O FBI fechou na quarta-feira o Megaupload
e deteve quatro suspeitos de infracções relacionadas com direitos de
autor e lavagem de dinheiro. De acordo com uma nota emitida pelo
Departamento de Justiça dos EUA, o Megaupload gerou de forma criminosa
mais de 175 milhões de dólares (135 milhões de euros), “causando mais de
500 milhões em prejuÃzos para os detentores de direitos de autor”.
Os
quatro suspeitos foram detidos na Nova Zelândia e o FBI suspeita ainda
do envolvimento de três outras pessoas. A resposta, porém, não se fez
esperar.
Estas movimentações acontecem numa altura em que nos
Estados Unidos se discute a adopção de medidas legais para reforçar a
protecção dos direitos de autor.
O encerramento do Megaupload também sucede um dia após o "apagão"
que muitos sites de referência, como a Wikipedia em inglês, por
exemplo, puseram em marcha, em protesto contra as propostas legislativas
que estavam em cima da mesa no Senado e na Câmara dos Representantes – o
Protect IP Act (PIPA) e o Stop Online Piracy Act (SOPA),
respectivamente.Nos acontecimentos desta noite, o grupo Anonymous não
deixou passar em claro essa disputa entre quem pretende apertar as
regras através do SOPA e do PIPA e quem considera que essas propostas
legislativas iriam muito para além da protecção dos direitos de autor.
"Megaupload
foi apanhado sem o SOPA estar em vigor. Agora imaginem o que
aconteceria se a lei passar. A Internet, tal como a conhecemos, acabará.
Reajam!", vincou o grupo, acrescentando: "Não se pode censurar a
Internet, não se pode intimar uma hashtag, não se pode deter uma ideia. Mas podem aguardar por nós."
Nos Estados Unidos, este dia 19 de Janeiro é Dia Nacional da Pipoca. Com uma nota de humor, o grupo assinala que ainda bem que assim é, porque "'A Internet contra-ataca' vai passar toda a noite".
Nenhum comentário:
Postar um comentário